publicado: 19/09/2018 18h37, última modificação: 15/01/2019 12h12
19.9.2018 – 12:39
O Brasil ganhou, nesta quarta-feira (19), dois novos patrimônios culturais. Em reunião no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial e o tombamento do Acervo Arthur Bispo do Rosário como patrimônio material. Nesta quinta-feira (20/9), quatro outros bens serão avaliados: Procissão do Senhor dos Passos, em Florianópolis (SC), Sistema Agrícola Tradicional das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e os terreiros de candomblé Ilê Obá Ogunté Sítio Pai Adão, em Recife (PE), e Tumba Junsara, em Salvador (BA).
“Sou suspeito para falar do cordel. Minha bisavó, nascida no Crato (CE), me fez na infância e adolescência um leitor voraz de cordel. Contribuiu muito para a minha formação, para as minhas referências, para ser quem eu sou”, destacou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. “Tenho respeito e admiração pelo trabalho heroico feito pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel para manter o gênero vivo, para que ele fosse reconhecido como importante gênero literário, de grande relevância e significado. Considero absolutamente adequado e justo o reconhecimento da literatura de cordel como patrimônio cultural brasileiro e espero que mais brasileiros tenham acesso a ela”, acrescentou.
“O cordel é uma manifestação cultural que se tornou filha genuína da inteligência artística brasileira”, afirmou o presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Gonçalo Ferreira. “O registro é a consequência natural desta importância que o gênero tem para o nosso país”, observou.
O fundador da Associação dos Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe), Klévisson Viana, comemorou o registro da literatura de cordel como patrimônio imaterial brasileiro. “Esse reconhecimento é de extrema importância. O Brasil tem uma das literaturas populares mais ricas do planeta, tanto em quantidade como em qualidade”, destaca.
“O cordel é uma tradição viva que se renova o tempo todo, que procura dialogar com cada período histórico. Hoje, são raros os cordelistas que não têm uma página na internet para divulgar o seu trabalho”, completa Viana, que é autor de mais de 200 folhetos de cordel e de 38 livros, um deles – O Guarani em Cordel – vencedor do Prêmio Jabuti em 2015.
Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações. Em todo o país, é possível encontrar esta expressão cultural, que revela o imaginário coletivo, a memória social e o ponto de vista dos poetas sobre acontecimentos vividos ou imaginados.
A Literatura de Cordel no Brasil é o resultado de uma série de práticas culturais em que os cantos e os contos constituem as matrizes para uma série de formas de expressão. Na formação da cultura brasileira, da qual a literatura de cordel faz parte, tanto indígenas quanto africanos e portugueses adicionaram práticas de transmissão oral de suas cosmologias, de seus contos e de suas canções.
Arthur Bispo do Rosário
Com uma vida repleta de mistérios, o artista sergipano Arthur Bispo do Rosário ganhou destaque no universo da arte contemporânea sem querer. Seguindo as vozes que o ordenavam a reconstruir o mundo, deu início a suas obras, produzidas sem o propósito de serem consideradas culturais e que geraram debates sobre os limites entre a arte e a loucura.
A coleção principal é formada por 805 peças, entre elas estandartes, indumentárias, vitrines, fichários, móveis, objetos (recobertos com fio azul ou não) e vagões de espera. O acervo é composto por peças elaboradas em diversos materiais, como vidro, madeira, plástico, tecidos, linhas, botões, gesso, e diversos itens recolhidos do lixo e da sucata.
Sobre o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), para as questões relativas ao patrimônio material e imaterial.
São 26 conselheiros que representam os ministérios da Educação, das Cidades, do Turismo e do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
Com informações do Iphan
Ministério da Cultura
Com informações do Iphan
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